Levantamento mostra que educadores(as) não receberam curso de formação da SEED e usam internet, celular e computador particulares nas aulas a distância.
Pesquisa on-line com educadores(as) da rede estadual de educação de Foz do Iguaçu e Região demonstra que a “EaD” imposta no Paraná oferece ensino de forma precária aos(às) estudantes. O levantamento também confirma que os(as) professores(as) não foram preparados para esse trabalho remoto e são obrigados a fazê-lo com recursos próprios.
De acordo com os dados, 59,6% dos(as) professores(as) afirmaram que menos de 10% dos(as) alunos(as) têm dado retorno das atividades. Apenas 1,5% dos(as) estudantes fazem mais da metade das lições, a mesma porcentagem dos que realizam acima de 70% das atividades educacionais.
O questionário foi respondido diretamente po educadores(as) efetivos e PSSs, de todas as disciplinas, das nove cidades de abrangência do núcleo sindical regional. São elas: Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira, Missal, Ramilândia, Santa Terezinha de Itaipu São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do Iguaçu.
Em suas respostas, os(as) professores(as) relataram que não possuem formação própria para a “educação a distância” e também não receberam preparação da Secretaria de Educação do Paraná (SEED). Quase 85% dos docentes afirmaram não ter cursos específicos e cerca de 95% disseram que a secretaria não ofertou nenhum tipo de capacitação.
O improviso da “EaD” do governador Ratinho Junior e do secretário-empresário Renato Feder também recai sobre os(as) educadores(as) quando o assunto são os materiais necessários para as aulas. 77% dos(as) professores(as) responderam que não receberam recursos da SEED para fazer o trabalho remoto; só 14,8% disseram acessar a internet disponibilizada pelo governo.
Com base nas respostas dos(as) professores(as), 90,6% deles(as) usam internet particular para a “EaD”. Já 89,2% dos(as) profissionais recorrem ao celular privado e 76,8% utilizam o notebook próprio para as “aulas não presenciais” das nove cidades da microrregião Oeste do Paraná, durante a pandemia de covid-19.
“Os dados comprovam o que não é novidade: essa ‘EaD’ é uma fraude, não oferece qualidade do ensino e gera exclusão”, afirma Danielli Ovsiany Becker, diretora da APP-Sindicato/Foz. “Isso ocorre porque o Governo Ratinho Junior mercantilizou a educação pública e a considera como despesa. Basta fazermos um resgate histórico dos muitos ataques contra a escola pública em um ano e meio de mandato”, enfatiza.
Na avaliação da APP-Sindicato/Foz, a qualidade da educação e a saúde de educadores(as), educandos(as) e suas famílias não são nem de longe prioridades para o governador e seu dublê de secretário, Renato Feder. A “EAD” foi autoritária e impositiva, apenas para cumprir tabela e gerar contratos milionários com o setor empresarial, sem consulta a professores(as), funcionários(as), alunos(as), pais, mães e diretores(as).
“Nossos(as) alunos(as) de Foz e Região são filhos(as) de trabalhadores(as), muitos deles autônomos, o que pode significar falta de renda e condição básica em época de isolamento social”, analisa Danielli. “Significa dizer que muitos não têm condições básicas de sobrevivência neste momento, quanto menos condições físicas, emocionais e tecnologia para aprender. A hora é de cuidar da vida”, conclui.
Outros dados da pesquisa da APP-Sindicato/Foz:
1) A maioria esmagadora dos(as) alunos(as) das escolas são oriundos de periferias, ocupações urbanas ou área rural.
2) 14,8% dos(as) professores(as) disseram ter 15 ou mais turmas para atender.
3) Quase 65% dos(as) professores(as) afirmaram ter alunos(as) com algum tipo de deficiência, o que demanda atendimento especializado.
4) TDAH, autismo, dislexia, síndrome de down e deficiências visual, auditiva e motora estão entre as deficiências de alunos(as) relatadas na pesquisa
5) Quanto aos problemas de aplicação da EaD, os(as) professores(as) elencaram na pesquisa as seguintes pontos, entre outros:
– didiculdades de acesso dos aluno(as): ssem conexão à internet e sem equipamentos como computadores de mesa ou notebook;
– pouco domínio das teconologias pelos(as) estudantes(as);
– falta de orientação e suporte técnico a alunos(as);
– ausência de preparação do(a) professor(a);
– baixa interação; e,
– falta de tempo para organização da proposta são alguns dos principais problemas da “EaD” elencados na pesquisa