Em defesa da vida, da educação pública, dos trabalhadores e trabalhadoras e do direito à educação.
As plataformas digitais na Educação Básica aprofundarão, a médio e longo prazo, a padronização da educação, com testes em larga escala, currículo único, planos de aula e material didático onde o/a professor/a não tem autonomia e o conteúdo é totalmente desconectado da realidade dos/as estudantes, vinculando a sua efetivação aos índices meritocráticos de produtividade.
São, essencialmente, um sistema de gerenciamento de aprendizado que permite que os professores acompanhem a frequência, lição de casa, avaliações e notas dos alunos, fornecendo um conjunto de dados em expansão para as empresas fornecedoras das plataformas. Dados que se convertem em monetização, ou seja, em lucro privado.
Além disso, o uso das plataformas digitais “exige” formação, mobilizando uma infinidade de tutoriais, todos oferecidos por professores que não recebem um centavo do Google para lhe fazer propaganda de suas ferramentas. Usar a plataforma “gratuitamente” é fonte de valor para a plataforma.
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Aos trabalhadores/as da educação paranaense, diante de suas dúvidas legítimas, afirmamos com toda a certeza que a imposição da EaD (ou aulas remotas) é um projeto de desmonte da Escola Pública, um ataque a formação integral de nossos estudantes e um caminho sem volta para o desemprego e intensificação da precarização das condições de trabalho.
A precarização do nosso trabalho faz parte de um projeto como já se vivencia em alguns estados com professor horista, trabalho intermitente (só recebe se entrar em sala e só entra em sala se algum/a professor/a de qualquer disciplina faltar), ou terceirização, todas possibilidades reais que se abrem ao capital na degradação do trabalho, que terá um impacto político violento na desconfiguração da Escola Pública.
A intenção é minar toda e qualquer resistência ao projeto em curso e os/as trabalhadores/as da educação são uma categoria que tem mostrado, mesmo com grandes dificuldades, seu potencial de barrar e fortalecer as lutas em defesa do serviço público.
No plano pedagógico, é impossível imaginar que crianças e jovens estejam aprendendo sem a mediação de um/a professor/a. Ora, sabe-se que no ensino fundamental a aprendizagem se torna significativa e relevante quando a criança e adolescente toca, simula, participa, interage. Tudo isso foi solapado com a “Educação à Distância”, imposta no Paraná.
Quanto aos/as estudantes do Ensino Médio, também há uma grande perda. É um momento de uma educação mais complexa, do embate entre ideias – seja ele travado com o/a educador/a ou com os/as colegas. É a hora em que a escola estimula o respeito e compreensão ao diferente e estimula os laços de solidariedade. Desta feita, Google Classroom, Aula Paraná e outras parafernálias empresariais somente concorrem para encaminhar o/a jovem estudante a um pseudo aprendizado esvaziado de sentido.
O excesso de atividades, a ausência de interação, dificuldades para tirar dúvidas, horas em demasia em frente a uma tela, conteúdos em excesso logo sobrepostos por outros, impedindo a compreensão, são algumas das reclamações mais constantes dos alunos. O mais grave é que isso vem acompanhado de sentimentos de angústia, irritação, cansaço, ansiedade e quadros de depressão, levando alguns a desistência.
Há uma inquietação no nosso meio de que não está ocorrendo aprendizagem, até porque não está ocorrendo a real interação pedagógica entre estudantes e professores/as. Não há, portanto, justificativa alguma para o lançamento de notas ou o fechamento do trimestre ou, ainda, a realização de conselhos de classe, como se estivéssemos dentro da normalidade. Ao mesmo tempo, cresce também entre estudantes e seus familiares a constatação de que não há aprendizagem através das atividades remotas. Essa inquietação tem levado todos, pais, mães e responsáveis, estudantes e professores/as a se questionar qual a melhor alternativa.
Defendemos:
– Suspensão imediata da entrega de materiais impressos para preservar nossas vidas.
– Continuidade do trabalho remoto com atividades voltadas unicamente para reforço escolar e revisão de conteúdos. Nenhum conteúdo novo deve ser ministrado pelas plataformas digitais tendo em vista a baixíssima participação dos alunos;
– Reorganização do calendário escolar após o retorno às aulas presenciais com ampla discussão pela comunidade escolar e com ciência do Conselho Escolar; Que a comunidade escolar decida o que é melhor para ela.
– Contratação de professores(as) e funcionários(as) em qualquer situação de reposição.
– Atividades remotas voltadas unicamente para reforço escolar e revisão de conteúdos. Nenhum conteúdo novo deve ser ministrado pelas plataformas digitais tendo em vista a baixíssima participação dos alunos;
– Reorganização do calendário escolar após o retorno às aulas presenciais com ampla discussão pela comunidade escolar e com ciência do Conselho Escolar; Que a comunidade escolar decida o que é melhor para ela.
– Manutenção e prorrogação dos contratos dos/as professores/as e funcionários/as PSS – Nenhuma demissão dos/as trabalhadores/as da Educação – Que a ALEP aprove projeto de lei que garanta a manutenção dos contratos do/as professores/as e funcionários/as PSS;
– Que seja garantido o direito à aprendizagem dos/as estudantes. Que nenhum/a estudante seja excluído do seu direito ao ensino e à educação de qualidade;
– Que, em toda a ação do Estado no sentido de viabilizar atividades não presenciais para reforço escolar e desenvolvimento de plataformas digitais, privilegie-se a Rádio e Televisão Educativa do Paraná – RTVE PR e a Companhia Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná – Celepar;
– Que a relação das empresas privadas de tecnologia e telecomunicações com as atividades remotas seja de solidariedade delas com o povo – que elas paguem pelas constantes isenção tributárias que oneram os cofres públicos;
– Adoção de política de proteção e privacidade de dados de estudantes e professores/as, que estão sendo expostos à propagandas, violação e crimes virtuais.