Duas escolas em Foz querem retomar aulas presenciais. APP-Sindicato/Foz é contra a reabertura precipitada

Responsáveis pelos estabelecimentos de ensino poderão responder por eventuais problemas de saúde de educadores(as) e estudantes.

Em Foz do Iguaçu, duas escolas estaduais poderão cair na pressão do secretário-empresário Renato Feder e sua sanha para impor o retorno das aulas presenciais. No momento, não há controle da pandemia de covid-19 na cidade e nem na região da fronteira.

Se as escolas reabrirem, serão convocados professores(as) e funcionários(as) aos estabelecimentos de ensino, e estudantes serão retirados suas casas para receberem o que a Secretaria Estadual de Educação (Seed) chama de conteúdo “extracurricular”.

Tal medida não possui comprovação pedagógica ou educacional embasada tecnicamente. Representa, sim, um risco grave para a saúde da comunidade escolar e para a coletividade de modo geral, o que a direção da APP-Sindicato/Foz repudia veementemente.

Mais ainda, o Núcleo Sindical atribuirá diretamente a Renato Feder a responsabilidade por eventuais problemas de saúde decorrentes da reabertura precipitada e injustificada das escolas. Os representantes das instituições também correrão o risco pelos efeitos dessa decisão.

Conforme é amplamente sabido, os colégios da rede estadual não passaram por adequação e nem receberam investimento na estrutura física compatíveis com a prevenção ao novo coronavírus. Igualmente, os espaços de uso comum das instituições não foram adaptados ou reorganizados.

Não há garantias de que o Governo do Paraná ofereça os equipamentos de proteção individual necessários para os(as) trabalhadores(as) e testagem. O transporte coletivo no município segue operando de forma restrita, o que eleva a exposição de passageiros – da comunidade escolar – à covid-19.

Com 2.173 casos de covid-19, setembro foi o segundo mês com o maior número de registros da doença em Foz do Iguaçu (atrás apenas de julho, quando foram 2.447 ocorrências), desde o início da pandemia. Também foi o período com o maior número de mortes confirmadas pela epidemiologia: 42.

Mesmo apresentando leve queda, em 20 dias, outubro tem 1.014 casos da infecção provocada pelo novo coronavírus na cidade. Somente neste mês, 23 pessoas já perderam a vida por conta da covid-19, e as taxas de ocupação de leitos de UTI seguem elevadas.

De março a outubro, Foz do Iguaçu soma 8.262 diagnósticos de covid-19 e 126 pessoas faleceram devido à doença. A incidência da enfermidade é de 3.226 casos para cada 100 mil habitantes. Esse indicador é de 1.731 no Paraná, e de 2.463 no Brasil.

A reabertura da Ponte Internacional da Amizade, ligação entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este (Brasil-Paraguai), há poucos dias, é motivo de preocupação dos serviços públicos de saúde. A liberação dessa via aumentou vertiginosamente a circulação de moradores das cidades da fronteira, compristas e turistas, potencializando o risco de contaminação do novo coronavírus, com efeitos futuros ainda indefinidos.

É necessário, ainda, observar a experiência de outros países, principalmente os europeus. Após a retomada de suas atividades, essas nações enfrentam hoje a chamada “segunda onda” de proliferação da covid-19, que está obrigando os governos a adotar severos recuos em suas políticas públicas para a contenção da doença.

A maior lição, neste momento, é cuidar da vida!

Foz do Iguaçu, 20 de outubro de 2020.

A direção da APP-Sindicato/Foz