Escola atendeu a 97% dos(as) alunos(as), em ano de pandemia, mas seus(as) diretores(as) foram destituídos(as) pela chefe do NRE de Foz do Iguaçu, sem direito a defesa.
Pais, mães, estudantes e educadores(as) do Colégio Flávio Warken, na Vila C, participaram de ato público, nesta quarta-feira, 23, para pedir a permanência da direção do estabelecimento de ensino. A comunidade escolar aderiu a um abaixo-assinado impresso, com documento de identificação, em que repudia a retirada dos(as) profissionais eleitos(as) para os cargos, sem critérios, anunciada pela chefe do Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu (NRE).
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Na mobilização, professores(as), funcionários(as), membros do Conselho Escolar e da diretoria demonstraram indignação, denunciando a destituição como autoritária e ilegal, além de desrespeitar a vontade da comunidade. Pais e mães de estudantes presentes ao ato público expressaram apoio e comprovaram a relação de proximidade com os diretores do Colégio Flávio Warken.
Oitos filhos(as) da cozinheira Magda Cavalheiro passaram pelos bancos escolares da instituição – uma das filhas está no terceiro ano do Ensino Médio. Moradora da Vila C, há 18 anos, ela afirma ser uma injustiça a destituição imposta pelo NRE, e apoia o trabalho da equipe conduzida pelo diretor Velcir Junior Vonz, segundo ela, mantido com a participação da comunidade.
“O diretor Velcir ajuda muito as famílias aqui do bairro. Estou indignada, meus filhos também estão indignados, porque o que estão fazendo com ele é uma injustiça”, enfatizou Magda. Emocionada, disse acreditar na reversão da destituição. “Em nome dos pais e dos(as) alunos(as), temos muito a agradecer à direção. Estou de coração partido, mas sei que o diretor vai vencer”, concluiu.
Empresária que vive na Vila C há quase duas décadas, Larice Acosta conta que todos os seus filhos(as) estudaram no Colégio Flávio Warken. Relata, também, que uma de suas filhas passou por dificuldades na aprendizagem, período difícil em que recebeu apoio e atendimento diferenciado das equipes da direção e pedagógica. Conforme ela, a comunidade aprova o desempenho dos(as) diretores(as).
“Só tenho elogios à direção. Será que o pessoal do Núcleo de Educação conhece a comunidade como o diretor conhece?”, questionou Larice. “O diretor Velcir chama cada aluno(a) pelo nome, conhece todos os problemas dos pais e das famílias. Não sendo sua obrigação, vai à casa do aluno(as) verificar o que está acontecendo, quando é preciso. Peço que toda a comunidade participe do abaixo-assinado para mantermos a direção eleita”, enfatizou.
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Mil pessoas a favor e 97% de alunos(as) atendidos(as)
Diretor do Colégio Flávio Warken, Velcir Junior Vonz agradeceu a mobilização da comunidade da Vila C. Até o momento, mais de mil pessoas aderiram ao abaixo-assinado que pede a revogação da destituição da diretoria escolar. O professor explica que essa medida arbitrária não tem efeito apenas contra os(as) profissionais diretamente prejudicados, mas atinge um trabalho acumulado em 17 anos, que envolve muitos educadores(as).
“A informação que a chefe do NRE nos passou é a de que não atingimos a ‘meta’, mas ela não soube dizer qual é essa meta”, sublinhou. “Durante este ano difícil, conseguimos atender 97% dos(as) nossos(as) alunos(as), a maioria deles com material impresso, já que não possuem condições de acesso às aulas virtuais. Mesmo assim, a professora Silvana Garcia [chefe do NRE] considerou que o nosso trabalho foi ineficiente e resolveu, por conta própria, não prorrogar o mandato.”
Conforme Velcir, foram adotadas medidas para reverter a interrupção do mandato. “Vamos fazer de tudo para podermos continuar atendendo a comunidade. Ela sabe que o nosso tratamento não é por número. Nós tratamos nossos(as) alunos(as) como pessoas, as quais têm problemas, emoções e precisam de atenção humanizada”, ressaltou. “Tem que prevalecer a humanidade. Queremos nossos(as) alunos(as) reconhecidos(as) como pessoas, não estatísticas”, enfatizou.
Destituição sem critério
Diretor da APP-Sindicato/Foz, Odirlei Manarin é ex-aluno do Colégio Flávio Warken e trabalha na instituição como professor, desde 2006. Para ele, a destituição da diretoria é sem critérios, não segue um processo transparente e nem permite a defesa dos(as) profissionais despojados da função. “É uma política que persegue educadores(as) pelo que pensam. Sequer temos conhecimento sobre os critérios para esse ato arbitrário”, ponderou.
O docente informou que a comunidade escolar seguirá mobilizada contra a destituição. “Convido a todos(as) para participar do abaixo-assinado e da mobilização para revogarmos essa decisão ilegal. Nossa comunidade escolar, que elegeu a direção, tem o direito e a responsabilidade de questionar por que ela está sendo arbitrariamente destituída”, convocou Odirlei.
Mobilização
A versão digital do abaixo-assinado pela permanência da direção do Colégio Flávio Warken está disponível para o público nas redes sociais do estabelecimento de ensino. Esse recurso é utilizado pelas comunidades dos colégios Almiro Sartori, Ayrton Senna da Silva, Gustavo Dobrandino da Silva e Jorge Schimmelpfeng, que também sofreram a supressão dos mandatos de seus dirigentes eleitos.
Fotos: Marcos Labanca