Educadores(as) de Foz do Iguaçu e região se reuniram nessa terça-feira, 10, para relatar situações de desrespeito durante perícias médicas do estado, realizadas em Curitiba (PR). Professores(as) e funcionários(as) contaram, com emoção e indignação, casos de coação, desumanidade, crueldade e assédio.
Durante o encontro, a direção da APP-Sindicato/Foz passou orientações sobre os procedimentos que devem ser adotados pelos(as) educadores(as) em tratamento médico. Eles(as) estão sendo obrigados(as) a passar por avaliações na capital do estado. O sindicato reúne documentação para ação coletiva no Ministério Público por perícias dignas e honestas nas cidades.
Antes de decidir pela ação, o sindicato procurou o diálogo com os responsáveis pela perícia da parte do Governo do Paraná. Cartas de educadores(as) relatando os problemas foram entregues nas mãos do secretário Renato Federer, que deveria proteger os(as) servidores(as) de sua pasta, a educação. Nada foi feito.
“Os problemas na área da saúde do(a) servidor(a) se agravaram a partir de 2017, com as punições a educadores(as) com atestado médico, que perderam aulas extraordinárias”, rememorou Silvio Borges, diretor de Finanças da APP-Sindicato/Foz. “Desde então, só piorou. O governo quer reduzir o número de atestados e afastamentos a qualquer custo, exigindo que o(a) trabalhador cumpra sua jornada mesmo doente”, frisou.
Na reunião, professores(as) e funcionários(as) de escolas renovaram as denúncias em relação às perícias. São peritos que sequer ouvem os sintomas dos(as) servidores(as) e não reconhecem os diversos exames exames e atestados emitidos por médicos que tratam os profissionais da eduacação. Some-se a isso, as agressões e torturas emocionais e psicológicas.
Com efeito, educadores(as) estão recebendo “alta” dos peritos de Curitiba e obrigados a voltar a trabalhar com problemas ósseos, depressão, pânico, estresse, fibromialgia, entre outras doenças decorrentes do trabalho. O resultado das perícias, que em geral recomendam o retorno imediato ao trabalho, são lançados no sistema on-line, muitas vezes, em apenas dez minutos após a “consulta”.
Quem retorna à função, ainda doente e sem condições de trabalho, realiza as atividade laborais sob intensas doses de medicamentos. Uma agente educacional descreveu seu drama. “Trabalho na cozinha a base de remédios. É um risco muito grande para mim”, contou.
Uma professora disse que foi mais de 50 vezes ao hospital no ano passado. “E ainda assim querem que eu volte à sala de aula. Antes, preciso fazer a perícia em Curitiba. Mas não tenho condições de saúde para viajar, narrou. Professor do campo relatou a indicação do perito. “Voltar para o trabalho assim que chegar em sua cidade”.
Cadê os peritos?
A falta de peritos nas cidades é outro grande problema enfrentado para educadores(as) adoentados. Eles são obrigados a viajar 600 quilômetros para fazer a perícia e arcar todo o gasto com deslocamento e estadia do próprio bolso. Em muitos casos, os(as) trabalhadores não têm condiçõs de saúde para fazer a viagem.
Na pauta da greve
Além das orientações sobre procedimentos que irão embasar a denúncia ao MPPR, foi aprovado na reunião que a melhoria das condições das perícias será pauta da paralisação nacional da educação. O movimento acontece na próxima quarta-feira, 18 de março, com passeata a partir do Bosque Guarani, às 16h.