APP denuncia ao Ministério Público atendimento cruel e desumano das perícias do estado

“Não teve nenhuma perna amputada para pedir desvio de função”, disse perito a uma educadora de Foz do Iguaçu.

Não é somente com a falta de peritos os(as) educadores(as) do Paraná em tratamento de saúde estão sendo prejudicados. O péssimo atendimento de profissionais que prestam serviço para o estado também tem gerado graves transtornos para educadores(as).

A APP denunciará ao Ministério Público do Paraná (MPPR) a negligência, o tratamento inadequado, o constrangimento e a coação durante determinadas perícias médicas. Há inúmeros relados de trabalhadores(as) retratando essas práticas, e o sindicato está reunindo documentos para embasar a petição formal.

Em uma das denúncias, uma professora relata em documento assinado, a pedido da APP-Sindicato/Foz, que o perito a atendeu com rispidez e indiferença. “Durante a perícia, me senti coagida perante o perito. Quando eu era questionada sobre algo, o mesmo não deixava eu concluir minhas falas sobre meus sintomas e fragilidades, me interrompendo constantemente”, narrou a educadora no documento.

Na perícia médica, enquanto tentava relatar sua ansiedade e crise de pânico na sala de aula, a professora foi barrada pelo médico. “Me interrompeu duas vezes falando que eu não sofri nenhum acidente físico e não tive nenhuma perna amputada para pedir desvio de função”, denuncia a professora. Ela conta que o perito questionou sua “demora” em melhorar dos problemas de saúde que apresenta.

Para finalizar, o perito expressou toda a sua crueldade e desumanidade. Enquanto a educadora tentava convencê-lo de que não necessitava de afastamento do trabalho, pois acreditava ter condições para laborar na escola, em outra função, fora da sala de aula, o médico debochou: “Quem disse que você vai ficar em casa?”

A situação precária das perícias médicas reflete o desmonte do sistema de saúde público do funcionalismo do Paraná. Faz parte do projeto de Ratinho Junior, que segue o exemplo de seu antecessor e aliado, Beto Richa. Primeiro, são retirados direitos e elevada a exploração dos(das) trabalhadores(as), levando-os ao adoecimento; depois, nega-se o tratamento necessário.

Caos das perícias

Além do atendimento precário e desumano das perícias, servidores(as) de Foz do Iguaçu e região estão sendo obrigados a fazer as avaliações em Curitiba (PR), devido à falta de profissionais nas cidades. Educadores(as) denunciam que são obrigados a viajar mesmo sem condições de saúde e pagar os gastos da viagem do próprio bolso (clique aqui para ler a matéria).