O protesto reuniu mulheres de vários segmentos sociais e lembrou as vítimas da covid-19.
A Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu cobrou políticas públicas e ações em prol da igualdade de gênero na sociedade, e posicionou-se contra o machismo e a violência. O protesto nessa terça-feira, 8, reuniu mulheres de vários segmentos sociais, marcando o início de uma ampla programação durante o mês de março.
A passeata saiu do Bosque Guarani até a Praça da Paz, onde aconteceu ato público e apresentações culturais. A mobilização passou pelas principais ruas da região central, com as participantes expondo faixas, cartazes e palavras de ordem. Participaram da organização 30 entidades e coletivos sindicais, sociais e estudantis, além de órgãos de serviços.
O ato lembrou as vítimas da pandemia no país, muitas das quais faleceram devido ao atraso da compra e oferta da vacina contra a covid-19. A marcha cobrou dos governos ações efetivas para combater o desemprego e o aumento da pobreza, além de pautar a defesa de direitos sociais e de serviços públicos.
Secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da APP-Sindicato/Foz, Madalena Ames contextualizou o efeito negativo do machismo. “Está no cerne daquilo que vem destruindo vidas de mulheres e desigualdade. Mas estamos nos fortalecendo, saindo às ruas para cobrar direitos e denunciar. Estamos nas ruas por aquelas que perderam suas vidas”, frisou.
No mesmo sentido, a estudante Iane Alexandra Barbosa Nunes, de 17 anos, criticou a estrutura do patriarcado e a desigualdade salarial. “O propósito da marcha é buscar os nossos direitos que estão sendo perdidos com o tempo, e incentivar outras mulheres para que se juntem a nós nessas causas”, externou.
Durante o ato público na Praça da Paz, houve a apresentação de um espetáculo de teatro que denunciava o tráfico humano. A organização da Marcha das Mulheres demonstrou preocupação com esse problema na região de fronteira, pois Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas mostra que 72% são pessoas negras e 37,2% são crianças.
Provedoras do lar
As mulheres também denunciaram o processo de desmonte do serviço público que atende à população, mediante a precarização do funcionalismo, falta de investimentos e privatizações. “A maior parte da nossa categoria é de mulheres, professoras que em muitos casos são responsáveis pelo sustento das famílias. O Governo do Paraná nos deve e não paga”, disse Ieda Possebon Ovelar, secretária da Mulher Trabalhadora e Direitos LGBTQIA+ da APP.
“Essa dívida chegará a 34% dos salários em abril, impactando diretamente no orçamento familiar e na vida das mulheres que precisarão se esmerar ainda mais para sustentar seus lares”, disse. Para a educadora, a desvalorização da categoria implica diretamente na qualidade do ensino.
(APP-Sindicato/Foz)