Pelo menos 17 turmas foram fechadas com a “otimização” da Seed em Foz e região: desemprego e comprometimento da qualidade de ensino.
Por meio de um processo de desorganização pedagógica e de desmonte do sistema público de ensino batizado pelo eufemismo de “otimização”, o Governo do Paraná está aprofundando o caos nas escolas públicas. A conta, mais uma vez, recai sobre educadores(as) e estudantes, na forma de desemprego e deterioração das condições de ensino e aprendizagem.
O professor Deni Iuri, do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em Foz do Iguaçu, ficou sabendo que perderia a classe de alunos(as), por decisão da Secretaria Estadual de Educação (Seed), no meio da sua aula remota, na última segunda-feira, 12. “Sem programação, sem aviso prévio, praticamente chutado”, descreveu o docente (veja o relato na íntegra, abaixo).
A situação do professor Deni Iuri é reflexo da “otimização” imposta pela Seed. Esse processo atroz consiste no fechamento de turmas consideradas “pequenas” pelo órgão educacional e junção dos estudantes em grupos maiores. A secretaria está permitindo somente a manutenção de turmas com mais de 25 alunos(as).
Esse procedimento de dissolução resulta em lotação das classes e, consequentemente, na demissão de professores(as) PSSs e sobrecarga de docentes. Levantamento da APP-Sindicato/Foz mostra que pelo menos 17 turmas já foram extintas nos colégios de Foz do Iguaçu e região.
“É um efeito dominó”, explica o diretor da APP-Sindicato/Foz, Silvio Borges. “Turmas são fechadas e outras são lotadas de estudantes, comprometendo a qualidade de ensino. Professores(as) temporários são demitidos sumariamente e aumenta o número de alunos(as) por docente, sobrecarregando ainda mais os profissionais”, denuncia.
O ataque do Governo Ratinho Junior, isto é, a “otimização”, é um instrumento de desorganização pedagógica, complementa o dirigente da APP-Sindicato/Foz. “A turma já está montada quando surge a Seed e determina o seu fechamento e junção com outro grupo escolar. A autonomia das escolas, mais uma vez, é atropelada pela secretaria, que implanta o caos na gestão e no sistema público construído historicamente no estado”, frisa Silvio Borges.
Relato indignado de um professor (*):
“Uma falta de respeito conosco! Estava durante a minha aula quando recebi o comunicado em relação ao cancelamento. Como que eu continuo a minha aula? Como que eu comunico que não estaremos mais juntos se há cinco minutos estávamos corrigindo trabalhos?
Sinto-me muito desvalorizado e descartável, hoje estou para o Estado, mas amanhã, de forma inesperada, sou descartado?!
Sem programação, sem aviso prévio, praticamente chutado, pode parecer exagero, mas é essa a sensação que tive e estou tendo, pois me identificava muito com a turma e estávamos desenvolvendo um trabalho muito legal, e de repente não estamos mais juntos.
E o meu cronograma? E o pedagógico? Nem toda frustração é apenas relacionada ao financeiro que teremos que saber lidar, mas as nossas relações humanas tratadas de forma líquida.
Absurdo!!!”
Deni Iuri é professor do Colégio Barão do Rio Branco, em Foz do Iguaçu (PR).
* Texto reproduzido com a autorização do autor.