Diego Valdez

Em 26 de abril de 1947, no Paraná, surgiu uma organização de professores/as que décadas depois unificou a luta com os/as funcionários/as. A APP-Sindicato se tornou uma das maiores entidades sindicais do país, acumulando em sua longa história muita luta, resistência, organização coletiva, conquistas e um protagonismo na redemocratização do país e no combate à ditadura cívico-militar no estado.

Uma organização que surgiu em um período histórico muito difícil para a categoria e que vivenciou, ao longo de sua trajetória, conjunturas ainda mais adversas. Com organização coletiva e enfrentamento aos governos truculentos e autoritários, conseguiu transpor esse cenário e hoje está consolidada como o sindicato que representa a maior categoria do serviço público do Paraná. Chega aos 74 anos de existência, entretanto, sendo exigida pela luta.

Não descansemos, pois os tempos são ainda mais difíceis! O acirramento da luta de classes tem levado à destruição de direitos sociais e trabalhistas, desmonte do Estado brasileiro e dos serviços públicos e desmantelamento completo do sistema estadual de educação. Tudo isso, agravado pela política genocida do Governo Bolsonaro/Mourão e de seus aliados, que contam com o total apoio e alinhamento de Ratinho Junior e da Secretaria Estadual de Educação de Renato Feder.

Dos 74 anos da APP, o Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu acumula trajetória de 38 anos.

Como se isso fosse pouco, enfrentamos ainda uma das maiores crises sanitárias da história, o que nos impõe experienciar a morte de milhões de pessoas e que serviu de plataforma perfeita para que governos oportunistas e sem compromisso com os/as trabalhadores/as acelerassem suas políticas de austeridade, aprofundando assim o desmonte da educação pública, a destruição de carreiras e retirada de direitos sociais e trabalhistas.

Foi instaurado um cenário de desemprego, desalento, caos e miserabilidade social ainda maior no país e no Paraná, quadro que está cada vez mais próximo da nossa categoria, dos/as educadores/as.

Essa conjuntura impõe ao sindicato o desafio histórico de retomar a capacidade de organização coletiva para enfrentarmos os ataques aos direitos e defendermos a educação pública.

Essa conjuntura impõe ao sindicato, que é o principal instrumento de organização e luta da classe trabalhadora e da nossa categoria, o desafio histórico de retomar a capacidade de organização coletiva para enfrentarmos os ataques aos direitos e defendermos a educação pública.

Nesse sentido, o Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu, que dos 74 anos de história da APP, existe há 38 anos, sempre se colocou na defesa do sindicalismo classista, de base e para a base, combativo, que rompa com a lógica do sindicalismo de resultados, da conciliação de classes, da política de “cafezinho” e com a lógica das mesas tripartites.

Quer dizer, uma atuação sindical capaz de devolver para a categoria o sentimento de pertencimento à classe trabalhadora. E, como resultado, que os/as educadores/as assumam a condução da luta, enfrentando os algozes e também os “pelegos” que cumprem o papel de arrefecer a disposição de lutar de professores/as e funcionários/as.

Nessa data, em que o nosso sindicato completa 74 anos de vida, a direção regional da APP-Sindicato/Foz faz um chamado à categoria para ocuparmos os espaços da entidade. Entendemos que apenas a luta organizada e coletiva irá barrar o conjunto de ataques em andamento, defender a escola pública e recuperar direitos.

Sabemos que a conjuntura está cobrando um alto preço de cada um e cada uma de nós, seja pela sobrecarga de trabalho, pelo medo da morte ou do desemprego, entre outros fatores. Mas não há receita mágica, tampouco caminho fácil. O que temos é o caminho certo e, por esse caminho, teremos de percorrer com nossos próprios pés, sempre presentes, juntos e nunca sós!

Assim, neste dia em que a APP-Sindicato completa 74 anos de uma linda história de luta e resistência, deixamos nossas felicitações como um chamado à mobilização, à luta coletiva, à luta por nossos direitos, pela educação pública, pela vida e pela defesa de um sindicalismo classista, independente e de base. Por um sindicato que atenda unicamente aos interesses da classe trabalhadora.

Por fim, chamamos a categoria para a paralisação do 29 de abril. Neste ano, mais do que rememorar o massacre contra a educação pública, essa mobilização terá o papel fundamental de denunciar à sociedade toda a violência contra educadores/as e os ataques à educação pública no Paraná que seguem acontecendo. Para isso, faremos um ato público no Núcleo Regional de Educação de Foz do Iguaçu. Mais do que paralisar, é preciso darmos visibilidade participando e somando a esse importante momento.

À APP-Sindicato, que venham outros 74 anos de vida.

Viva a classe trabalhadora! Viva a luta da educação pública! Viva a luta coletiva!

Viva o nosso instrumento de luta! Viva a APP-Sindicato!

*Diego Valdez é funcionário de escola e presidente da APP-Sindicato/Foz.